Lição 13:
MALAQUIAS — A SACRALIDADE DA FAMÍLIA
Data: 30 de Dezembro de 2012
TEXTO ÁUREO
"Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua
mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne"
(Gn 2.24).
VERDADE PRÁTICA
É da vontade expressa de Deus que levemos a sério o
nosso relacionamento com Ele, com a família e com a sociedade.
HINOS SUGERIDOS
581, 596, 597
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Sl 128.3,4
O modelo da família
Terça - Ef 5.22-24
Submissão na família
Quarta - Ef 5.25-28
Amor sacrifical na família
Quinta - Ef 6.1-3
Obediência na família
Sexta - Sl
133.1
A comunhão no âmbito familiar
Sábado - Tt 2.2-6
A família que agrada a Deus
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Malaquias 1.1; 2.10-16
Malaquias 1.1
1. Peso da palavra do SENHOR contra Israel, pelo
ministério de Malaquias.
Malaquias 2.10-16
10. Não temos nós todos um mesmo Pai? Não nos criou
um mesmo Deus? Por
que seremos desleais uns para com os outros,
profanando o concerto de
nossos pais?
11. Judá foi desleal, e abominação se cometeu em
Israel e em Jerusalém; porque
Judá profanou a santidade do SENHOR, a qual ele
ama, e se casou com a filha
de deus estranho.
12. O SENHOR extirpará das tendas de Jacó o homem
que fizer isso, o que vela, e
o que responde, e o que oferece dons ao SENHOR dos
Exércitos.
13. Ainda fazeis isto: cobris o altar do SENHOR de
lágrimas, de choros e de
gemidos; de sorte que ele não olha mais para a
oferta, nem a aceitará com
prazer da vossa mão.
14. E dizeis: Por quê? Porque o SENHOR foi
testemunha entre ti e a mulher da tua
mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela a
tua companheira e a
mulher do teu concerto.
15. E não fez ele somente um, sobejando-lhe
espírito? E por que somente um? Ele
buscava uma semente de piedosos; portanto,
guardai-vos em vosso espírito, e
ninguém seja desleal para com a mulher da sua
mocidade.
16. Porque o SENHOR, Deus de Israel, diz que aborrece
o repúdio e aquele que
encobre a violência com a sua veste, diz o SENHOR
dos Exércitos; portanto,
guardai-vos em vosso espírito e não sejais
desleais.
INTERAÇÃO
Comumente isolamos um assunto de determinado
contexto literário ignorando o tema central daquela obra. O livro de Malaquias
é o exemplo perfeito disso. Quando falamos nele, pensamos logo em
"dízimo". É como se "Malaquias" e "dízimo" fossem
termos amalgamados. No entanto, veremos que o assunto predominante do profeta
Malaquias não é o dízimo (este apenas é tratado num contexto de corrupção
sacerdotal e da nação), mas contrariamente, é o relacionamento familiar e civil
entre o povo judeu que constituem o seu tema principal.
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar
apto a:
- Explicar o contexto social, a estrutura e a mensagem do livro de Malaquias.
- Reconhecer quais são as implicações de um péssimo relacionamento familiar.
- Conscientizar-se que é vontade de Deus vivermos um bom relacionamento na família e na sociedade.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado professor, chegamos a última lição desse
trimestre. Estudamos os doze livros dos Profetas Menores. Sugerimos que você
inicie a aula dessa semana fazendo uma recapitulação dos profetas estudados
anteriormente. Pergunte aos alunos qual o profeta que eles mais gostaram e o
porquê. Você também pode relembrar o período histórico dos profetas e o
propósito dos livros. Para auxiliar na recapitulação, utilize o esquema da
Orientação Didática da Lição 1. E para introduzir a lição de hoje, use o
esquema abaixo, mostrando aos alunos um panorama geral do livro de Malaquias.
ESBOÇO DO LIVRO DE MALAQUIAS
Introdução (1.1)
Parte I: A Mensagem do Senhor (1.2 -
3.18)
Primeiro oráculo: o amor de Deus por
Israel.......... (1.2-5)
Segundo oráculo: pecados dos sacerdotes..........
(1.6 - 2.9)
Terceiro oráculo: pecados da
comunidade.......... (2.10-16)
Quarto oráculo: a justiça
divina....................... (2.17 - 3.5)
Quinto oráculo: ofensas
rituais............................. (3.6-12)
Sexto oráculo: os servos de
Deus......................... (3.13-18)
Parte II: O Dia do Senhor (4.1 - 6
)
Para o arrogante e
malfeitor......................................... (v.1)
Um dia de triunfo para os
justos................................. (v.2,3)
Restauração dos relacionamentos entre pais e filhos
e entre o Povo de
Deus............................................................................
(v.4-6)
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
PALAVRA-CHAVE
Família: Pessoas
aparentadas, que vivem, em geral, na mesma casa, particularmente o pai, a mãe e
os filhos.
No presente estudo, veremos que a mensagem de
Malaquias enfoca a sacralidade do relacionamento com o Altíssimo e com a
família. Durante o exílio na Babilônia, a idolatria de Judá fora
definitivamente erradicada. A questão agora era outra: o relacionamento do povo
com Deus e com a família. E tais relacionamentos precisavam ser encarados com
mais piedade e temor.
I. O LIVRO DE MALAQUIAS
1. Contexto
histórico. O livro não menciona diretamente o reinado em que
Malaquias exerceu seu ministério. Também não informa o nome do seu pai, nem o
seu local de nascimento. Isso é observável também nos livros de Obadias e
Habacuque. Não obstante, há evidências internas que permitem identificar o
contexto político, religioso e social do livro em apreço.
a) O governador de
Judá. Jerusalém era governada por um pehah, palavra de origem acádica
traduzida por "príncipe" na ARC (Almeida Revista e Corrigida), ou
"governador", na ARA e TB (1.8). O termo indica um governador persa e
é aplicado a Neemias (Ne 5.14). O seu equivalente na língua persa é tirshata
("tirsata, governador", cf. Ed 2.63; Ne 7.65; 8.9; 10.1). A profecia
mostra que o templo de Jerusalém já havia sido reconstruído e a prática dos
sacrifícios, retomada (1.7-10).
b) A indiferença
religiosa. As principais denúncias de Malaquias são contra a lassidão e
o afrouxamento moral dos levitas (1.6); o divórcio e o casamento com mulheres
estrangeiras (2.10-16); e o descuido com os dízimos (3.7-12). Tudo isso aponta
para o período em que Neemias ausentou-se de Jerusalém (Ne 13.4-13,23-28). O
primeiro período de seu governo deu-se entre os anos 20 e 32 do rei Artaxerxes
(Ne 5.14) e equivale a 445-433 a.C.
2. Vida
pessoal de Malaquias. A expressão "pelo ministério de
Malaquias" (1.1) é tudo o que sabemos sobre sua vida pessoal. A forma
hebraica do seu nome é mal'achi, que significa "meu mensageiro". A
Septuaginta traduz por angelo sou ("seu mensageiro, seu anjo"). O
termo é ambíguo, pois pode referir-se a um nome próprio ou a um título (3.1).
No entanto, entendemos que Malaquias é o nome do profeta, uma vez que nenhum
livro dos doze profetas menores é anônimo. Por que com Malaquias seria diferente?
3. Estrutura e
mensagem. A profecia começa com a palavra hebraica massá -
"peso, sentença pesada, oráculo, pronunciamento, profecia" (1.1; Hc
1.1; Zc 9.1; 12.1). O discurso é um sermão contínuo com perguntas retóricas que
formam uma só unidade literária. São três os seus capítulos na Bíblia Hebraica,
pois seis versículos do capítulo quatro foram deslocados para o final do
capítulo três. O assunto do livro é a denúncia contra a formalidade religiosa:
prática generalizada com os fariseus e escribas na época do ministério terreno
de Jesus (Mt 23.2-7).
SINÓPSE DO TÓPICO (I)
O tema do livro de Malaquias é a denúncia contra a
formalidade religiosa, a prática da corrupção generalizada entre os fariseus e
escribas e o despertamento da nação de Judá.
II. O JUGO DESIGUAL
1. A
paternidade de Deus (2.10). A ideia de que Deus é o Pai de todos os
seres humanos é biblicamente válida. O Antigo Testamento expressa que essa
paternidade refere-se a Israel (Êx 4.22,23; Jr 31.9; Os 11.1). A criação divina
dá base para isso, embora não garanta uma relação pessoal com Ele (At
17.28,29). Jesus, porém, fez-nos filhos de Deus por adoção. Por isso, temos
liberdade e direito de chamar ao Senhor de Pai (Mt 6.9; Jo 1.12; Gl 4.6).
3. A
deslealdade. O termo "desleal" aparece cinco vezes nessa
seção (2.10,11,14-16). Trata-se do verbo hebraico bagad, que significa
"agir traiçoeiramente, agir com infidelidade". Não profanar o
concerto dos pais - estabelecido no Sinai (2.10) que proíbe a união matrimonial
com cônjuges estrangeiros (Dt 7.1-4) - é uma instrução ratificada em o Novo
Testamento (2 Co 6.14-16,18). O profeta retoma essa questão em seguida.
4. O casamento
misto (2.11). É a união matrimonial de um homem ou uma mulher com
alguém descrente. O profeta chama isso de abominação e profanação. Os
envolvidos são ameaçados de extermínio juntamente com toda a sua família
(2.12).
a) Abominação.
O termo hebraico para "abominação" é toevah e diz respeito a alguma
coisa ou prática repulsiva, detestável e ofensiva. A Bíblia aplica-o à
idolatria, ao sacrifício de crianças, às práticas homossexuais, etc. (Dt 7.25;
12.31; Lv 18.22; 20.13). Trata-se de um termo muito forte, mas o profeta coloca
todos esses pecados no mesmo patamar (2.11).
b) Profanação.
Profano é aquele que trata o sagrado como se fosse comum (Lv 10.10; Hb 12.16).
A "santidade do SENHOR", que Judá profanou (2.11), diz respeito ao
Segundo Templo, pois em seguida o oráculo explica: "a qual ele ama".
A violação do altar já fora denunciada antes (1.7-10). Mas aqui Malaquias
considera o casamento misto como transgressão da Lei de Moisés: "Judá
[...] se casou com a filha de deus estranho" (2.11b). A expressão indica
mulher pagã e idólatra. E mais adiante inclui também o divórcio (2.13-16).
SINÓPSE DO TÓPICO (II)
O jugo desigual ou casamento misto, é a união
matrimonial de um homem ou uma mulher com alguém descrente. O profeta chama
isso de abominação ou profanação.
III. DEUS ODEIA O DIVÓRCIO
1. O
relacionamento conjugal (2.11-13). Malaquias é o único livro da
Bíblia que descreve o efeito devastador do divórcio na família, na Igreja e na
sociedade. As lágrimas, os choros e os gemidos descritos aqui são das esposas
judias repudiadas. Elas eram santas e piedosas, mas foram injustiçadas ao serem
substituídas por mulheres idólatras e profanas. As israelitas não tinham a quem
recorrer. Nada podiam fazer senão derramar a alma diante de Deus. Por essa
razão, o Eterno não mais aceitou as ofertas de Judá (2.13). Isso vale para os
nossos dias. Deus não ouve a oração daqueles que tratam injustamente o seu
cônjuge (1 Pe 3.7). O marido deve amar a sua esposa como Cristo ama a Igreja
(Ef 5.25-29).
2. O
compromisso do casamento. Os votos solenes de fidelidade mútua entre
os noivos numa cerimônia de casamento não são um acordo transitório com data de
validade, mas "um contrato jurídico de união espiritual" (Myer
Pearlman). O próprio Deus coloca-se como testemunha desse contrato. Por isso, a
ruptura de um casamento é deslealdade e traição (2.14). A reação divina contra
tal perfídia é contundente.
3. A vontade
de Deus. A construção gramatical hebraica do versículo 15 é difícil.
Mas muitos entendem o seu significado como defesa da monogamia. Deus criou apenas
uma só mulher para Adão, tendo em vista a formação de uma descendência piedosa
(2.15). A poligamia e o divórcio são obstáculos aos propósitos divinos. É uma
desgraça para a família! Por isso, o Altíssimo aborrece e odeia o divórcio
(2.16). Ele ordena que "ninguém seja desleal para com a mulher da sua
mocidade" (2.15).
SINÓPSE DO TÓPICO (III)
A poligamia e o divórcio são obstáculos aos
propósitos divinos.
CONCLUSÃO
A sacralidade do relacionamento familiar deve ser
levada em consideração por todos os cristãos. Todos devem levar isso a sério,
pois o casamento é de origem divina e indissolúvel, devendo, portanto, ser
honrado e venerado.
REFLEXÃO
"Deus não ouve a oração daqueles que tratam injustamente o seu cônjuge."
Esequias Soares
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
Subsídio
Teológico
"Malaquias, o
profeta
[...] Deus sempre amou seu povo,
dizia Malaquias, mas este nunca havia assimilado a profundidade deste amor, e
na verdade retribuía-o com desonra e desobediência (Ml 1.6-14). Tudo isto pode
ser visto na própria indiferença do povo para com as ofertas, pois enquanto se
empenhavam em importar o melhor para suas próprias casas, os sacrifícios eram
da pior espécie, com animais cegos e doentes. Os próprios sacerdotes se
voltavam contra Deus, violando abertamente o compromisso de levitas (Ml 2.8).
Além disso, muitos judeus tinham se divorciado de suas mulheres, sinalizando
assim seu descaso para com os ensinamentos das Escrituras (Ml 2.10). Como
resultado, o Senhor enviaria seu mensageiro messiânico para purgar o mal
enraizado no coração do povo e purificar um remanescente que andaria diante da
presença do Senhor em verdade" (MERRIL, Eugene H. História de Israel no
Antigo Testamento: O reino de sacerdotes que Deus colocou entre as nações.
6.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, pp.548-49).
VOCABULÁRIO
Lassidão: Prostação de forças, cansaço.
Purgar: Tornar puro, purificar.
Perfídia: Deslealdade, traição.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
HARRISON, R. K. Tempos do Antigo Testamento: Um
Contexto Social, Político e Cultural. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
MERRIL, Eugene H. História de Israel no Antigo
Testamento: O reino de sacerdotes que Deus colocou entre as nações. 6.ed. Rio
de Janeiro: CPAD, 2007.
SOARES, Esequias. O Ministério Profético na Bíblia:
A voz de Deus na Terra. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
ZUCK, Roy B (Ed.). Teologia do Antigo Testamento.
1.ed. Rio de Janeiro: CPAD. 2009.
SAIBA MAIS
Revista Ensinador Cristão
Malaquias: A sacralidade da família
Malaquias significa “meu mensageiro”. Estudiosos do Antigo
Testamento partem da junção de duas palavras, Malak Yah,
“mensageiro
do Senhor”, para dar o significado ao nome desse profeta. Esse
profeta trata de um assunto muito sério: a preservação da família. Em seus
dias, era patente o descaso dos israelitas para com a seriedade do casamento.
Não eram poucos os que se casavam com mulheres estrangeiras, o que Deus não
admitia como sendo uma conduta aceitável para o povo da aliança. O povo tinha
dificuldades também em manter os casamentos puros, ou seja, entre pessoas do
povo de Deus. E era grande o índice de homens infiéis às suas esposas, o que
desagradava tremendamente a Deus.
A prática sexual exacerbada era um problema antigo, e
prevalece em nossos dias. Jeremias, usado por Deus anos antes de Malaquias,
denunciou a conduta sexual perversa dos filhos de Israel: “Como, vendo isto, te
perdoaria? Teus filhos me deixam a mim e juram pelos que não são deuses; depois
de eu os ter fartado, adulteraram e em casa de meretrizes se ajuntaram em
bandos; como garanhões bem fartos, correm de um lado para outro, cada um
rinchando à mulher do seu companheiro. Deixaria eu de castigar estas coisas,
diz o Senhor, ou não me vingaria de nação como esta?” (Jr 5.7-9). Como vemos o
problema dos israelitas nãos e resumia à prática da idolatria, mas também a
prostituição e às traições.
Não eram poucos os casos de divórcio e infidelidade entre
eles. “E dizeis: Por quê? Porque o SENHOR foi testemunha entre ti e a mulher da
tua mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela a tua companheira e a
mulher do teu concerto” (Ml 2.14). A traição dos israelitas tinha um alto
preço: além de tornar as famílias mais propensas à desestruturação, atraíam
igualmente a ira divina. De nada adiantava os hebreus trazerem ofertas e
chorarem no altar, se estavam sendo infiéis em seus casamentos: “Ainda fazeis
isto: cobris o altar do SENHOR de lágrimas, de choros e de gemidos; de sorte
que ele não olha mais para a oferta, nem a aceitará com prazer da vossa mão.”
(2.13). E Pedro também ensinou que é grande a responsabilidade dos homens no
trato com suas esposas: “Igualmente vós, maridos, coabitai com ela com
entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco; como sendo vós os
seus co-herdeiros da graça da vida; para que não sejam impedidas as vossas
orações” (1 Pe 3.7). Se como homens, desejamos ter nossas orações atendidas
pelo Senhor, é preciso respeitar e demonstrar amor por nossas esposas.
EXERCÍCIOS
1. Por que
entendemos que Malaquias é o nome do profeta?
R. Porque nenhum livro dos doze profetas menores é
anônimo.
2. Qual o
assunto do livro de Malaquias?
R. O assunto do livro é a denúncia contra a
formalidade religiosa: prática generalizada com os fariseus e escribas na época
do ministério terreno de Jesus (Mt 23.2-7).
3. Quais
pecados são colocados no mesmo patamar do casamento misto e do divórcio?
R. A idolatria, ao sacrifício de crianças, às
práticas homossexuais, etc.
4. Por que todos nós
devemos levar a sério o casamento?
R. Porque o casamento é de origem divina e
indissolúvel.
5. Por que Deus
aborrece o divórcio?
R. Porque é uma desgraça para a família.