Neemias 4
Sambalate e Tobias, tradicionais inimigos dos judeus, se enfureceram ao vê-los organizados e empenhados na reconstrução dos muros de Jerusalém.Sua primeira reação foi de sarcasmo e de desprezo. Diante dos seus irmãos e do exército de Samaria, o governador Sambalate zombou dos que edificavam dizendo:
- "Que fazem estes fracos judeus?" Os judeus não tinham força militar para se impor sobre os seus vizinhos, e ele os despreza por isso diante do seu próprio exército.
- "Permitir-se-lhes-á isso?" Sambalate era governador de Samaria e poderia ter ambicionado governar a Judéia também, mas a vinda de Neemias teria prejudicado seus planos. Ele põe em dúvida a autoridade de Neemias.
- "Sacrificarão?" O sacrifício aos deuses era uma prática usada pelos povos pagãos para conseguir a sua ajuda em suas empreitadas. Esta é uma ironia de Sambalate, que não cria no SENHOR, o Deus de Israel.
- "Acabá-lo-ão num só dia?" Ele se surpreendeu com a grande disposição dos judeus para o trabalho, e procurou desanimá-los apontando para o longo tempo que seria necessário para a conclusão da obra.
Tobias, por sua vez, acrescentou que "Ainda que edifiquem, vindo uma raposa, derrubará facilmente o seu muro de pedra". Para que empregar tanto trabalho e tempo em alguma coisa sem valor?
São perguntas que nos vêm imediatamente quando temos diante de nós um projeto de grande envergadura: Somos capazes? Estamos autorizados? Temos a aprovação de Deus? Podemos dispor de todo o tempo que vai levar até terminar? Quando terminado valerá a pena todo o esforço despendido?
Sambalate e Tobias sugeriam que o povo respondesse "não" a todas essas perguntas. Neemias não tinha a menor dúvida que a resposta era "sim" e conhecia muito bem a razão por que os seus inimigos procuravam levantar dúvidas entre o povo, portanto ele sequer condescendeu a falar com eles.
Notemos que Neemias não procurou vingar-se a si próprio, mas deixou a justiça nas mãos de Deus, pedindo que fizesse cair a vergonha sobre a cabeça dos seus inimigos, para que fossem um despojo em terra de cativeiro e que nunca os perdoasse, porque haviam irritado a Deus diante dos edificadores.
A nós é mandado "Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor. Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem." (Romanos 12:19-21).
O povo se dedicou cordialmente ao trabalho, chegando até à metade da altura do muro. Os inimigos Sambalate e Tobias, bem como os arábios e os amonitas, eram informados do progresso que ia sendo feito. Ao saber que os reparos tinham avançado e que as brechas estavam sendo fechadas, ficaram furiosos e se juntaram para planejar um ataque a Jerusalém e causar confusão.
Novamente Neemias e os seus companheiros oraram a Deus e também colocaram guardas de dia e de noite para se protegerem. Devemos fazer o que podemos e Deus suprirá o que nos falta.
Neemias constantemente combinava a oração com preparação, planejamento e ação. A oração assegurava o apoio divino naquilo que ele sabia que correspondia com a vontade de Deus. É a atitude correta daquele que anda com Deus: primeiro assegurar-se qual seja o desejo de Deus, em seguida orar pedindo o Seu apoio e direção, em seguida colocar mãos à obra. Devem-se fazer as três coisas.
Tendo cuidado da defesa contra o inimigo externo, Neemias teve também que enfrentar o desgaste que estava acontecendo internamente entre os judeus, causado pelo desânimo e o medo:
- Os carregadores se cansavam com o trabalho constante e ainda havia muito entulho para tirar. Estavam já se convencendo que nunca iriam conseguir reconstruir o muro por si mesmos.
- Os que moravam perto dos inimigos, ouviam quando eles falavam entre si planejando ataques de surpresa para matar os que trabalhavam e acabar com o seu trabalho, e corriam amedrontados até Neemias para dizer que seriam atacados por todos os lados.
Neemias colocou cada homem na posição em que podia ver e defender a sua própria família, o que lhes daria mais tranqüilidade. Se estivessem longe, eles estariam em dúvida sobre a sua segurança. Ele próprio os inspecionou rapidamente para ter certeza que estavam bem colocados e armados. Neemias também disse ao povo que não tivessem medo pois o Senhor é grande e temível, e estimulou-os a lutar pelas suas famílias.
Com isso os inimigos descobriram que Deus havia frustrado a sua trama e que haviam perdido o elemento de surpresa no ataque que planejavam. Todo o povo então se voltou para o muro, cada um para o seu trabalho.
Quando sentirmos que não podemos dar conta de um projeto, por causa das dificuldades e mesmo oposição que estamos enfrentando, é bom lembrar o propósito de Deus para a nossa vida, e o valor do que fazemos para Ele, pois Ele tem condições para nos suprir o que nos falta, e de abafar toda a oposição.
Os trabalhadores estavam espalhados ao longo do muro. Para que o trabalho não parasse, mas ao mesmo tempo estivessem preparados para algum ataque, Neemias ordenou que metade fizesse o trabalho de construção enquanto a outra metade permanecia armada de lanças, escudos, arcos e couraças. Os oficiais lhes davam o seu apoio.
Com esse plano de defesa, o povo estava unido e protegido. Devemos também estar unidos como igreja de Cristo dando apoio uns aos outros, e orando uns pelos outros. Precisamos uns dos outros em nosso trabalho na obra de Deus e em nossa defesa contra o inimigo das nossas almas.
Os que se moviam de um lugar para outro, carregando entulho e materiais, portanto isolados, faziam o trabalho com uma mão e com a outra seguravam uma arma - também cada um dos construtores trazia na cintura uma espada enquanto trabalhava.
O nosso inimigo, o diabo também anda ao redor procurando tirar vantagem das nossas fraquezas. Devemos estar alertas, cada um de nós, usando a armadura que Deus nos dá (Efésios 6:13-18).
Neemias também introduziu um sistema de alarme, para que todos pudessem se juntar ao ouvir o som da trombeta tocada pelo homem que estava com Neemias, pois estavam espalhados ao longo do muro. O simples fato de saber que a trombeta seria ouvida se houvesse uma emergência, seria suficiente para tranqüilizar os trabalhadores. Não sabemos se houve algum incidente em que a trombeta foi usada. Neemias confiava na proteção de Deus.
Neemias e seus companheiros mantinham vigilância constante, vestidos em prontidão de dia e de noite. O crente também deve vigiar constantemente.
(1 Pedro 5:8-9) "Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar;
Ao qual resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no mundo".
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